Introdução
Hoje é 18 de Março de 2011. Se para o leitor esta é apenas uma data qualquer perdida no calendário, para mim foi o dia que inaugurei alguma disciplina em minha vida: escrever um manifesto.
Embora tenha na escrita um de meus afazeres em sites e blogues, para mim isso não é ponto de partida suficiente para assegurar que manterei a disciplina para chegar ao final da empreitada. São diferentes as disposições.
Sou o tipo habituado à vida em tarefas onde a ansiedade pelo final dita o ritmo. E escrever uma crônica por dia é o compromisso afeito, pois sei quando o conteúdo está alojado no cérebro e basta a disposição de me juntar a um teclado e extraí-lo. Mas para um manifesto, um criterioso e extenso ordenamento precisa se fazer presente de forma a privilegiar sua acessibilidade a uma desconhecida gama de leitores.
Se posso conversar “com minhas palavras” sobre um assunto técnico, quanto a isso, não faço concessões. Gostaria, mesmo, que parecesse às pessoas como seu eu próprio estivesse com elas conversando.
Outro dia dei-me para explicar a um amigo que tecnologia é todo e qualquer know-how (saber como), e que a aplicação do termo não se restringe aos conhecimentos advindo de experimentos em laboratórios de química, física ou informática.
Um chimpanzé munido de um graveto para caçar insetos em sua toca, o faz porque um dia desenvolveu essa tecnologia transmissível às gerações seguintes por espelho de comportamento. Ou a águia, que voando nas alturas solta uma tartaruga às rochas para romper sua couraça, incorruptível se contasse unicamente com suas garras e bico de predador.
O que esses animais fizeram pela primeira vez num dia qualquer desconhecido da História, foi usar do que permitia sua compleição física, do ambiente que as cercava, para construir um meio para atingir o fim específico. Os naturais instintos de sobrevivência bastou para desenvolverem tecnologia bastante e satisfazer seu intento.
Como esses irracionais, o homem tem desenvolvido tecnologia para ganhos de qualidade de vida desde seus primeiros momentos, desde quando ainda, uma besta a mais na face da Terra.
Indo adiante, quantos povos desfrutaram dos benefícios da roda e quantos outros até mais próximos da atualidade no calendário, se quedaram extintos sem conhecê-la? Os maias, incas e aztecas, cantados como civilizações evoluídas em vários aspectos, são tidos como não conhecedores da roda - uma tecnologia que não lhes aconteceu autóctene e tampouco chegou via intercâmbio com outros povos.
Espero não aborrecer com a repetição do termo “tecnologia” nesse manifesto e compreenda que, embora técnico, pretendo-o entendido por um público além do alvo e assim, certamente, necessitado dessa abordagem constante.
Seria um complicador acrescentar “instrumento técnico” em nossa conversa?
Tecnologias podem ou não estarem circunscritas ao instrumento técnico de aplicação. Assim como o lápis (instrumento técnico de aplicação) veio para tornar mais confortável a escrita (tecnologia), um médico pode diagnosticar males em seus pacientes usando apenas dos sentidos naturais como sua visão, tato, olfato, audição e até o paladar.
Somos seres em constante descobertas nas formas de interação com nosso semelhante e com o meio. E por conta disso, criando novas necessidades e, naturalmente, novas tecnologias são criadas para supri-las.
A busca pela crescente qualidade de vida é da natureza do homem, seja ele cosmopolita ou, nesse exato momento, passando por momentos de luta pela sobrevivência em algum canto isolado do planeta.
O contraponto desagradável dessa busca é sua característica predadora e a ignorância sobre a finitude do mundo, do super povoamento dos espaços e da destinação de dejetos e rejeitos da sociedade moderna.
O posicionamento eficaz para tantas questões ainda insolúveis da humanidade, só a Educação para encontrar meios.
Finalizando, adianto que vamos conversar sobre aTecnologia Educacional e respectivo Instrumento Técnico de Aplicação do Amigos de Letras na Escola que tanto pode ser apenas uma importante qualificação para os mestres como uma nova e especializada disciplina a ser implantada nas escolas, no Ensino Fundamental.
Estaremos falando da extinção do analfabeto funcional, da incapacidade dos indivíduos em interpretar textos, da transformação de maçante a prazeroso o ensino formal, a leitura e a escrita, da construção coletiva do conhecimento, da criação da Cultura do Livro na sociedade brasileira.