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A doença

Relatórios de entidades variadas, pauta para muitas notícias e mote para discursos políticos, as carências, deficiências e números nada enaltecedores da qualidade do Ensino Público são fartos e, desgraçadamente, regulares na vida brasileira.
Há um divisor em algum lugar de minha memória, situado nos últimos vinte anos, quando compreendi melhor nossa Cultura, nossa História como nação livre, e a consequente impossibilidade de avanços no Ensino Público na parte anterior dessa linha imaginária.
A parte posterior dessa linha inicia-se quando a sociedade passou a discutir, reclamar e esperar que investimentos em Educação fossem prioridade de estado. 
O crescimento da economia brasileira nos anos 2000 atropelou o governo para essas necessidades por meio de sua face mais visível no interesse coletivo: um “apagão” na oferta de mão de obra qualificada. 
Estamos compensando essa falta de mão de obra qualificada com alguns cursos setoriais, algum repatriamento e importações de trabalhadores, um paliativo que não se sustentará num futuro já próximo pois que Educação torna-se agora questão de segurança nacional. 
Nas próximas décadas o Brasil e 150 milhões de seus habitantes serão postos à prova para, além de empregos tradicionais, os mais modernos e até alguns futuristas. Muitos deles, de elevada qualificação. Caso você não seja um leitor de sites na internet, de agências mundiais e nacionais ou de veículos de comunicação para olhar estatísticas sobre Educação no Brasil, não se permita a desalentos. Se eles são a doença medida e publicada, não fosse por seu reconhecimento esse manifesto não viria a existir.
Se a situação para nosso ânimo com respeito à Educação para nossas crianças e jovens não é de vantagem, menos ainda o é para a ponta de lança do sistema: o professor. Mas esse não é um livro da doença. Assim o fosse, estaria agora pesquisando em tais sites acima citados e entulhando essas páginas de números e gráficos, de críticas ao governo, ao mundo e a todo o resto. Basta disso. São muitos os que fazem seu meio de vida achincalhar governos, satirizar a sociedade, amaldiçoar os ricos ou proporem como solução o confinamento dos ignorantes em guetos. De xerifes mediáticos e suas aberrações a discursos políticos sobre esse ultraje à dignidade nacional, bastam os que já temos.
A complexidade educacional brasileira de base, no Ensino Fundamental, remonta ao Brasil Colônia. Imaginar solucionar isso sem considerar uma ou duas décadas de investimento maciço em estrutura geral e qualificação de profissionais, seria ilusório. 
Se temos que encontrar soluções e remédios para essa nossa doença, elas não estão em países que hoje apresentam qualidade de vida e capacitação profissional exuberante, não nos são modelos a sua trajetória. Cada povo tem sua cultura e cada uma assimila os seus formatos e métodos ideais de ensino, exigência disciplinar, dedicação familiar e aspirações de projeção na futura vida profissional. Nós brasileiros, talvez por nossa formação miscigenada, somos campeões na assimilação de novidades sugeridas ou insinuadas. Aquelas impostas, nem tanto. Dessa forma, nós mesmos precisamos desenvolver o medicamento (tecnologia) compatível para a cura de nossas moléstias sociais.                                                                           
Vamos trocar a falta de hábito de leitura pela Cultura do Livro.
Vamos trocar a alienação familiar com respeito à Educação por Participação Familiar.
Vamos trocar métodos robotizados de ensino por Indução à Criatividade.
Acima citado, a descrição de alguns males e o respectivo tratamento. 
Doenças, sabemos, surgem com facilidade em organismos descuidados. Quanto ao medicamento, ele é fruto de muito estudo, pesquisas e experimentos reais que comprovem sua eficácia e, por fim, sua aplicação de massa. Estamos agora então, novamente, falando em tecnologia? Sim, Tecnologia Educacional e Instrumento Técnico de Aplicação. E multi-funcional, porque várias deficiências podem ser corrigidas em única metodologia de aplicação. 
Se ainda não transpareceu claramente, passem a notar que só estarei me referindo ao Ensino Fundamental. Ele é o alicerce para a futura vivência estudantil do indivíduo e a principal trincheira no cerceamento de deserções, desinteresse e disponibilidade de nossas crianças para os descaminhos de uma vida marginal. Fazer com que o estudo, a escola e a busca pelo conhecimento sejam prazerosos para a criança, é a meta a ser perseguida.
Uma recente reportagem de televisão mostrou o quanto de nossos jovens desistem em meio aos cursos superiores por dificuldades com as disciplinas ministradas, eis que não tiverem uma base decente de aprendizado no Ensino Fundamental e Médio. As desistências são tantas que os gráficos nos mostram um intolerável vazio nas salas de aula. 
Precisamos de tecnologia educacional para aplicação de massa que envolva a família e a sociedade com a Educação, e que seja de de custo realizável ao governo. Vamos a ela!
O que até agora consegui em meus estudos, pesquisas e experimentos, foi envidando esforços amparados unicamente por uns poucos e abnegados amigos e muita certeza de estar produzindo algo de útil para meu país. Talvez eu próprio não consiga ver sua aplicação de massa - contrário do que eu pretendo, é claro - e por isso vou aqui relatando a experiência vivida.